Crônicas

E daqui a 40 anos?

Semana passada tive o privilégio de conhecer um comerciante que estava trabalhando há 40 anos não só no mesmo segmento, como também no mesmo ponto comercial.  Em resumo: 40 anos fazendo a mesma coisa no mesmo lugar!

Assim como eu, imagino que muitos que lêem esse texto não poderiam nem sonhar com tamanha monotonia (essa nova geração parece cada vez mais movida por novidade). Mas a verdade, é que não senti esse desconforto em momento algum.

Mobília nova, loja espaçosa, bem iluminada, um espaço gostoso de estar.  Animado, aquele senhor contava sobre a reforma recente da loja.  A nossa conversa não foi longa, mas suficiente para entender porque ele atende clientes do Brasil inteiro! Entendi também porque já chegou a ter 7 lojas do mesmo segmento nas proximidades e não quebrou. Hoje contava com duas grandes franquias como vizinhança, uma de cada lado. 

Problema??? Não. Aqueles “concorrentes” não o intimidavam. Aliás, concorrentes não.  “São todos meus amigos aqui”, dizia ele.

Se eu não soubesse da sua história, poderia imaginar que aquele era seu primeiro atendimento, tamanha disposição e simpatia. Mas seu conhecimento técnico evidenciava os anos de experiência e, claro, agregou muito à venda.  Ainda assim, nada era comparado ao entusiasmo daquele senhor.

Já pensou quantas pessoas ele já atendeu? Pois bem, depois de 40 anos ele ainda era capaz de se conectar com as pessoas de forma única e de contagiar com sua gentileza, simplicidade e alegria pelo seu trabalho!

Naquela tarde lembrei de quantas feiras já participei nesses modestos (e quase completos) 3 anos de Arte ao Vento. Lembrei de como são incríveis essas trocas, olho a olho. Lembrei das vezes que me senti fonte de inspiração e encorajamento para outras pessoas. Por fim, lembrei de quanto já aprendi com as antigas gerações – e que eles merecem voz.

Não sei como estarei daqui a 40 anos, realmente não consigo imaginar onde e o que estarei fazendo. Mas certamente, desejo estar como hoje: consciente do que me faz bem e inspirando outras pessoas a buscarem o mesmo!

Afinal, o importante não é O QUE fazemos, mas PORQUE fazemos – e aquele senhor sorridente sabia muito bem porque estava ali. 

É… talvez a felicidade esteja mesmo nessa paz de espírito de fazer todos os dias o que se gosta, e fazer a cada dia melhor! 🙂